“Será
que todos são apóstolos? Será que todos são profetas? Será que todos são
instrutores? Será que todos realizam obras poderosas? Será que todos têm dons
de curar? Será que todos falam em línguas? Será que todos são tradutores?” (1
Coríntios 12:29, 30)
Ou
seja, diante dessas perguntas propostas pelo apóstolo Paulo, mesmo lá nos
primeiros anos do Cristianismo, nem todos os cristãos apresentavam os mesmos
dons, e no entanto todos eles eram batizados com o Espírito Santo.
Qual
é a coisa primordial que determina se um cristão foi ou não batizado com Espírito
Santo? Creio que não são,
necessariamente os dons milagrosos, e
sim aquilo que o apóstolo fala no capítulo 13 de 1 Coríntios. Ele coloca o AMOR
como superior a qualquer dom sobrenatural. No capítulo 14 de 1 Coríntios, lemos
muitos comentários sobre falar em línguas que são completamente desconsiderados
por algumas igrejas hoje em dia (1 Coríntios 14:23, 26-33).
No
livro de Atos dos Apóstolos há três ocasiões em que o falar em línguas é
acompanhado pelo recebimento do Espírito Santo (Atos 2:4; 10:44-46; 19:6). No
entanto, essas três ocasiões são os únicos lugares na Bíblia onde falar em
línguas era uma evidência de receber o Espírito Santo. Por todo o livro de Atos,
milhares de pessoas acreditaram em Jesus e nada é dito deles falando em línguas
(Atos 2:41; 8:5-25; 16:31-34; 21:20). O Novo Testamento não ensina em lugar
algum que falar em línguas seja a única evidência de que uma pessoa recebeu o
Espírito Santo. Na verdade, o Novo Testamento ensina o contrário. Somos
ensinados que todo Cristão tem o Espírito Santo (Romanos 8:9; 1 Coríntios
12:13; Efésios 1:13-14), mas que nem todo Cristão fala em línguas (1 Coríntios
12:29-31) como tratamos acima.
Então,
por que falar em línguas era a evidência do Espírito Santo naquelas três
passagens em Atos? Atos capítulo 2 registra os apóstolos sendo batizados no
Espírito Santo e recebendo o Seu poder para proclamar o Evangelho. Os Apóstolos
eram capazes de falar em outras linguagens (línguas) para que pudessem
compartilhar a verdade com as outras pessoas em suas próprias linguagens. Atos
capítulo 10 registra o Apóstolo Pedro sendo enviado a compartilhar o Evangelho
com pessoas que não eram judaicas. Pedro e os outros Cristãos primitivos, sendo
judeus, teriam dificuldade em aceitar gentios (pessoas que não eram judaicas)
na igreja. Deus capacitou os gentios a falarem em línguas para demonstrar que
eles tinham recebido o mesmo Espírito Santo que os Apóstolos tinham recebido
(Atos 10:47; 11:17).
Em Atos
10:44-47 descreve: “Ainda Pedro falava estas coisas quando caiu o Espírito
Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão,
que vieram com Pedro, admiraram-se, porque também sobre os gentios foi
derramado o dom do Espírito Santo; pois os ouviam falando em línguas e
engrandecendo a Deus. Então, perguntou Pedro: ‘Porventura, pode alguém recusar
a água, para que não sejam batizados estes que, assim como nós, receberam o
Espírito Santo?’” Mais tarde Pedro se refere a esta ocasião como prova de que
Deus estava realmente salvando os gentios (Atos 15:7-11).
Falar
em línguas em nenhum lugar da Bíblia é apresentado como um dom pelo qual todos
os Cristãos devem esperar receber quando aceitam Jesus Cristo como seu Salvador.
Na verdade, de todos os registros de conversões no Novo Testamento, apenas dois
têm em seu contexto o falar em línguas. Falar em línguas não é, e nunca foi, a
evidência do recebimento do Espírito Santo.
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